V Encontro Técnico sobre Culturas de Inverno foi realizado nessa sexta-feira


Na sexta-feira, dia 12 de abril, foi realizado o V Encontro Técnico sobre Culturas de Inverno na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. O evento, que aconteceu no auditório do Campus da SETREM, reuniu estudantes de Agronomia e do Curso Técnico em Agropecuária da instituição, além de representantes de entidades e empresas ligadas ao setor, Técnicos em Agropecuária e Engenheiros Agrônomos. Foram discutidas ideias e novas tecnologias relativas as culturas de inverno na região, e também alguns assuntos relacionados às pragas na cultura da soja.

A programação iniciou as 14:00 horas, com a apresentação dos integrantes da mesa diretora e a palavra do Diretor Geral da SETREM, senhor Flávio Magdanz, que falou sobre o compromisso da instituição com a área rural na região.

A primeira palestra enfatizou o assunto: Manejo de nitrogênio em trigo, com o Dr. Sírio Wiethöter. Foram apresentados resultados de experimentos em relação a resposta do uso do Nitrogênio na cultura do trigo. Segundo o palestrante, os resultados demostram que usar N em cobertura é mais eficiente do que o uso no pré-plantio, e que a aplicação com maior resultado deve ser feita durante o afilamento. Nas regiões mais quentes devem ser usadas doses menores, enquanto que, em regiões mais frias podem ser usadas doses maiores. Altas doses devem ser divididas em duas aplicações. Segundo Sírio, o melhor momento para a aplicação de N é antes da chuva, para haver um melhor aproveitamento do nutriente, pois com menor umidade há perdas relativas com a volatilização.

Manejo de percevejos em soja e trigo foi o assunto da segunda palestra, com o Dr. Antônio Panizzi, Entomologista da Embrapa Trigo. “Percevejo está na moda”, foi a frase que deu início ao assunto, mencionando que essa é uma das pragas mais pesquisadas, discutidas e combatidas nos últimos tempos. É um problema sério em várias culturas, e atualmente não há um manejo adequado de controle.

Segundo o palestrante, o manejo integrado de pragas foi implantado no Brasil na década de 1970, com o início do uso de monitoramento da lavoura. Para fazer o combate eficiente dos percevejos é necessário fazer uso do método de amostragem, sendo o mais indicado o Método do Pano, que consiste em usar um pano, ou plástico em pontos da lavoura, e bater nas plantas de soja para que os insetos caiam em cima do pano e possa ser feita a contagem, e com isso analisar se é ou não necessário fazer uso de inseticidas. 

Segundo Panizzi não é necessário, no geral, fazer o controle de percevejos na cultura da soja na fase vegetativa, antes da floração, já que o inseto não causa danos expressivos nessa fase. Apenas é recomendado em casos de altos níveis de infestação. Panizzi expôs aos presentes ainda os riscos de usar misturas de produtos, por exemplo, misturar inseticida e fungicida na mesma aplicação. Essa mistura de produtos pode causar problemas na cultura, ou na próxima, exterminar os predadores naturais e insetos benéficos à lavoura, bem como tornar algumas pragas resistentes.

No trigo, o percevejo é uma praga que está começando a aparecer e preocupar os produtores. Um dos indícios desses insetos na cultura é o aparecimento de espigas brancas e de folhas com manchas.

Após essa palestra os participantes foram brindados com um lanche.

A última palestra da tarde foi proferida por Giovani Faé, da Embrapa Trigo, que abordou o assunto "Potencial dos cereais de inverno na integração lavoura e pecuária".

Alguns dados interessantes foram apresentados:
  • O custo da alimentação na produção de leite varia entre 40 a 60%;
  • São cultivados 18,33 milhões de hectares com grãos no estado
  • 4,46 milhões de hectares são ocupados por milho
  • 9,83 milhões de hectares são ocupados por soja.

Para que uma propriedade rural tenha sucesso é preciso maximizar resultados, reduzir riscos, melhorar a dinâmica e para isso, a integração lavoura-pecuária é uma boa opção.

O Trigo BRS Tarumã foi apresentado como uma opção de cultivar de duplo propósito, pois apresenta uma boa tolerância ao pisoteio, alta capacidade de rebrote, produção de massa seca aliada a produção de grãos e tem ciclo longo, 150 dias.

O uso de trigo como pastejo para animais é vantajoso, pois há diversificação de renda durante o período de inverno e incremento na renda naquela área. Além disso, o pastejo estimula o perfilhamento, reduz o crescimento das plantas, reduzindo assim o acamamento, reduz os danos causados por fungos e reduz a população de plantas daninhas. O produtor precisa somente tomar cuidado com o manejo desse sistema, deve ter atenção a altura de saída dos animais, para que não ocorram problemas com o rebrote da cultivar.

Segundo Faé, o uso do centeio também é uma boa opção, especialmente quando se procura cobertura de solo, pois essa cultura tem maior massa radicular, o que é excelente para a conservação e melhoramento do solo. Foram apresentadas também outras variedades de culturas de inverno com duplo propósito.

Após as palestras, foi aberto um espaço para perguntas dos participantes. Na oportunidade foram levantadas várias questões sobre manejo de pragas e aplicação de produtos nas lavouras.

O evento teve o encerramento as 17h30min. A organização foi uma parceria entre SETREM, COTRIMAIO, COOPEROQUE, COTRIROSA, COMTUL, COOPERMIL, Embrapa Trigo, AENORGS, EMATER/RS, Dinon Cereais e Camera.

Por Vanderlei Holz Lermen

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