HASENACK: “Nossa Preocupação Maior é Formar Bons Técnicos”

     Com a mudança da Lei de ensino, que através da Lei 7044/82 eliminou a obrigatoriedade da formação profissionalizante, a SETREM optou pela continuidade desde ensino no Colégio Presidente Getúlio Vargas, onde desde 1957 o ensino voltado para o meio rural tem papel destacado.

  
  Com a opção de continuar formando Técnico em Agropecuária a nível de 2° grau, A SETREM se firma na posição de manter a única escola agrícola no âmbito de cinco Delegacias de Ensino, atendendo a uma clientela especifica e proporcionando-lhe uma formação técnica e humanística que habilite seus estudantes a enfrentarem a vida.

     A preparação do estudante para assumir o conjunto de ocupações que lhe será oferecido pelo mundo da agropecuária exige estudo em tempo integral. Por essa principal razão, entre outras, a maioria dos estudantes da instituição, estuda em regime de internato.

     A própria convivência neste regime possibilita o desenvolvimento de atividades que conduzem os estudantes para a vivência de novas e diversificadas experiências educacionais. E é no internato que os estudantes: “aprendem a conviver”, “aprendem a aprender” e “aprendem a ganhar a vida”.

      O casal Martin e Venilda Hasenack completaram, em 24 de fevereiro de 1984, 25 anos de vida dedicada ao colégio.
     
      Administrando, lecionado e por algumas vezes assumindo a direção interina da instituição, Martin H. Hasenack e sua esposa Venilda, que reparte com o marido todas as tarefas de cuidar desta enorme família, têm estórias e mais estórias para contar, estórias que juntadas fazem a história e que, um dia, ainda serão contadas.

    “Tem coisas tão boas que dá gosto relembrar. Também tem outras tão tristes que a gente prefere nem olhar para trás”, comenta Martin.

     E nesta busca de reminiscências, Hasenack relembra que o curso normal rural era essencialmente humanístico, centrado na pessoa. Quando o Colégio abriu o curso técnico, num momento crucial da sua existência em que eram necessárias decisões firmes dedicadas, a técnica passou a ser a prioridade. Mesmo assim não era possível esquecer ou desvincular-se do passado e, então, o que aconteceu, foi à busca de um ponto de equilíbrio dosando formação humanística e técnica.

    “Para compensar passamos a proporcionar atividades extracurriculares. Teatro, folclore, música instrumental, banda, bandinha, coral e outras atividades que nos mantiveram ligados ao propósito de oferecer algo que falasse mais de perto da importância da pessoa” recorda atual diretor do internato.

     A banda do Colégio tem se apresentado muito bem nas ocasiões cívicas, sendo formada apenas por estudantes. A bandinha, por sua vez – é comum ouvir-se uma gaita tocando, nas horas de folga dos internos – tem até se apresentado em algumas festas vizinhas.

    Outro aspecto que contribui para que a parte humanística esteja sempre presente é perfeito entrosamento existente entre os professores e os estudantes. Percebe-se claramente que a solidariedade e o espírito de equipe, de cooperação, batem forte no peito dos getulianos. Existe um rancho ou crioulo, para o lazer. Este rancho pertence ao Grêmio Estudantil Duque de Caxias, mas nele se encontram e convivem, fraternamente, alunos, professores e familiares.

    Hasenack não tem dúvidas em afirmar que a formação humanística do Colégio Presidente Getúlio Vargas é tão boa quanto a oferecida por qualquer outro colégio, mesmo os que não são de ensino técnico. E aponta duas evidências: o atual coordenador da Faculdade de Administração, engenheiro civil e professor: Seno Leonhardt, foi estudante do Getúlio desde a 5° serie; Oterno Hartje professor de Psicologia das Relações Humanas, foi o primeiro estudante a matricular-se no Getúlio, quando a escola começou, tendo sido também o primeiro presidente do Grêmio.

     A aprovação dos formandos pelo Curso Técnico em Agropecuária nos vestibulares também tem sido boa, embora a maioria dos técnicos formados procure fazer sua vida atuando neste campo para o qual se preparou. São, sem dúvida, indicadores de que o Getúlio da base suficiente aos seus estudantes que quiserem optar pela continuação dos estudos, enfrentando um curso superior. “Mas o objetivo do Getúlio, retoma Martin H. Hasenack, não e preparar gente para o vestibular, mas exatamente, formar bons técnicos para atuarem na agropecuária”.

   Quando um estudante se apresenta dizendo que pretende continuar seus estudos depois de formado como Técnico em Agropecuária, ocorre a sondagem de aptidões para ver se este estudante não se encaixa melhor no curso de segundo grau, o antigo cientifico, depois chamado de auxiliar de escritório, com mais uma nova Lei mudando o ensino, passa a ser conhecido com “Preparação para Trabalho”, mantido pela própria SETREM. 

     Falando com entusiasmo do que faz, do seu envolvimento até mesmo emocional com os muitos estudantes que já passaram pelas classes getulianas, Hasenack diz que o Colégio forma bons técnicos. Tão bons que a maioria deles ainda nem concluiu o curso e já tem colocação assegurada. E quando saem do colégio e passam a enfrentar a vida, lá fora, eles sempre provam que receberam boa formação e sempre se dão bem. Não é preciso mais do que isso. Ou é?

Fonte: Jornal SETREM. Edição de novembro de 1984 – n° 1.

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