Uma História de Paixão

       Neste tempo em que comemoramos 80 anos de participação na educação da região, muitas histórias se misturam. E quando falo desta instituição, boa parte da minha história de vida está mesclada com parte destes 80 anos. Para mim, a relação com a SETREM tem sido muito mais do que uma mera relação profissional, passou a ser uma relação de grande paixão.

    

Paixão que começou no início dos anos 60, quando, ainda muito criança, saía com minha mãe de Esquina Bela Vista (interior de Três de Maio), para a cidade, numa charrete, vender produtos da agricultura nas casas e numa tal Escola Rural Presidente Getúlio Vargas.

   Quando chegava no pátio da escola, era tomado por um encantamento, pois eram instalações grandes e bem organizadas. Lembro que dizia para mãe que um dia queria estudar nesta escola. Minha mãe, muito realista, falava “filho, isto é impossível para nós, esta escola cobra dos alunos”. Mas não podia esquecer este sonho pois a cena se repetia todas as semanas.

   No ano seguinte veio o internato e quatro anos do Curso Normal Rural. Em 1974, o Curso Técnico em Agropecuária. Depois veio a faculdade, fora de Três de Maio. Em 1982 retornei como professor do Curso Técnico em Agropecuária, assumindo, ainda naquele ano a Coordenação da Faculdade de Administração e, em 1990, a Direção Geral da SETREM.

   Muitas histórias nesta caminhada, mas gostaria de citar apenas algumas que marcaram minha passagem como aluno nesta instituição. As mais significativas para o meu futuro são as relacionadas ao movimento estudantil. No Grêmio Estudantil Duque de Caixas participei nos mais diversos cargos, mas o mais desafiador foi em 1973, quando na condição de Vice-Presidente, em função da demissão do presidente, assumi a presidência. O desafio foi grande demais para um aluno da quarta série do ginásio, assumir um Grêmio que também congregava alunos do Curso Técnico. Naquele ano, quase reprovei em matemática, a disciplina de que mais gostava, pois tinha mergulhado de cabeça na minha função. Foram anos de muitas desavenças com a direção da escola, na busca de melhores condições para os alunos. A escola mergulhava em constantes crises, e ameaça de fechar e se transformar num asilo era constante.

   A experiência foi tão gratificante que, em 1975, assumi novamente a presidência do Grêmio Estudantil, após uma disputa eleitoral muito acalorada envolvendo três candidatos, com comícios de cada candidato e a participação de todos os alunos. Foram anos de um movimento estudantil muito forte; com uma União Três-maiense de Estudantes (UTES) realizando seminários e congressos para discutir o movimento na região. Da mesma forma, uma União Gaúcha de Estudantes muito presente no cenário do RS. Época de muita repressão, de líderes estudantis fichados no DOPS.

  Na escola, o Grêmio Estudantil era encarregado de todas as atividades culturais e esportivas (organização das equipes esportivas, grupos de teatro, participação em festivais, feiras de livro, cantina). Tempos em que a saída dos alunos para participarem de alguma atividade na cidade passava a ser objeto de luta do Grêmio Estudantil.

   Muitas outras histórias poderiam ser agregadas, mas fica o meu reconhecimento a esta instituição por tudo que sou e tenho, na cultura, na educação, no espírito cristão e, principalmente, pela ética e a moral.

   Do arquivo pessoal

- Em 1975 ele toma posse como Presidente do Grêmio Estudantil Duque de Caxias.

- No mesmo ano, setembro foi chuvoso, mas a sessão cívica promovida pelo GEDUC foi levada a efeito assim mesmo.

- Em 1974 a escola tinha uma equipe para competir e se apresentar no interior do município.

- Em 1975, quando a SEC promoveu uma Olimpíada Estadual de Atletismo em Porto Alegre, lá estava a SETREM.

    Momentos pessoais, mas também históricos da instituição.

    Seno Leonhardt.

    Ex-diretor geral da SETREM.

Fonte: MUSSKOPF, Egon Hilario. Sinal verde para crescer: 80 anos de história / Egon Hilario Musskopf. , Novo Hamburgo: Echo, 2004.


   Chegou a idade escolar e comecei a cursar  o primário, em 1965, na escola de Bela Vista. O sonho persistia e ali era agregado mais um ingrediente: queria ser professor. Quando estava prestes a concluir a quarta série do primário, a professora Ivone foi o apoio que faltava. Procurando meus pais, ela foi categórica: “o vosso filho vai estudar na Getúlio”. E lá foi minha mãe resolver mais um problema que era criado. Veio até a escola Getúlio Vargas fazer minha matrícula na quinta série do primário. Foi um ano duro, saindo bem cedinho (muitas vezes ainda escuro) de Bela Vista, numa velha bicicleta, percorrendo os 5 km até a escola e retornando ao meio dia.

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